Zorfiel apareceu depois que tudo acabou. Grande ajuda. Se não fossem os espíritos atormentados, eu é quem estaria no abismo novamente, não o Durgal.

- Zorfiel, chegou tarde, perdeu a festa... não posso dizer o quanto eu me diverti. - Ando assistindo muita tv, era legal ensinar a Angelina o cinismo, sarcasmo e ironia. Eu estava realmente ficando boa nessa arte tão humana do descontentamento. - Meu irmão está ferido! Não posso ir sem saber que ele está bem. Mas pelo que você diz, também não poderemos ficar. Uns segundinhos por favor, eu só preciso...

Viro para o vazio, na esperança de conseguir ver os rastros do garotinho.

- Garotinho? Eu voltarei, por você e pelos outros, para cumprir a promessa, mas preciso de um ultimo favor antes de partir. Existe no hospital um rapaz chamado Julian, ele está ferido, por favor, pisque as luzes duas vezes, me dê um sinal para me dizer que ele está bem só assim seguirei tranquila. Ele estava no andar de baixo, caído e machucado.

Me sinto me dirigindo ao vazio, mas sei que o garotinho está por perto, creio que consegui fazer uma ligação com ele. Sei que essas coisas acontecem, foi muito intenso a troca entre nós. É preciso confiar, eu confio. Espero o sinal, sei que terá um sinal, só preciso acalmar meu coração para ir, saber que Julian está bem me animara a prosseguir. Certos sentimentos não desaparecem assim e minha angustia por ele era forte. Aguardo o sinal que me dirá para ir.

Zorfiel tem aquele semblante de preocupação, também começo a me preocupar. Foi muito barulho, muita coisa aconteceu ali, mesmo um cego notaria a forte presença de poder ali. Seres sobrenaturais notaram, tenho certeza, apesar de nenhum deles ter vindo, receio que foi muita atenção desnecessária, tudo culpa daquele demônio burro. Espero que ele sofra bastante nas mãos de quem o enviou, nem todos aceitam falhas tão bem.

- Eu só preciso do sinal Zorfiel e iremos.

Caminho até a porta, começo a fazer os procedimentos, atenta ao sinal. Depositando toda a minha fé no garotinho. Sei que ele não me decepcionará.

─

Os espíritos pareciam que já tinham partido para a penumbra ou algum lugar na umbra. Seu chamado desta vez foi em vão, infelizmente e sabe que se usar seus poderes celestiais, poderia chamar mais atenção do que deveria. Mas Zorfiel responde tranquilamente:

─ O irmão desta pequena esta vivo, mas não nas melhores condições. Ele já foi levado pelos bombeiros, na verdade todos. E se não sairmos daqui... seremos alvo de problemas. Eu não pude chegar antes, infelizmente Algoz. Mas, fez um belo trabalho e essa realmente é a irmã do hospedeiro de Azrael. Vou leva-la para casa e deixei-a comigo. Vou cura-la em um local mais seguro e depois que a Morte Negra dê sinal de vida, você age e eu devolvo a humana. Vamos... -

Pelo menos Angeline pode ficar mas tranquila sobre Julian. Então caminhou até a porta, fechou-a e fez os procedimentos. Quando colocou a chave, uma abertura de fechadura apareceu misticamente e assim abrindo-a aquele brilho branco com cheiro de terra molhada e quando entram, estão naquele mesmo corredor de antes.


O Anjo do Desconhecido aponta para a porta dos fundos do lado direito da Algoz e ele diz:

─ Eu fiz uma rota na sua casa, aquela porta ira dar direto ao quarto de sua casca. A chave irá leva-la até lá. Não se preocupe com o Príncipe da Miséria, eu vou avisa-lo do sucesso de seu objetivo. Antes que a chave some e você fique presa aqui. Descanse por hoje. -

Ele ficou olhando a Elohim fazer o que ele pediu e enquanto isso a humana aos braços dele ainda continua inconsciente. Ela nota que a chave na mão, as runas estão brilhando em um tom dourado e aos pouco a chave parece estar se desintegrando. Ele desenha um sorriso e vira para a esquerda na segunda porta ele entra e desaparece. E aos pouco as luzes daquele enorme corredor vão se apagando do lento e ao rápido em direção de Turielith.


─

- Zorfiel, acho que eu não posso voltar para casa agora, como se nada tivesse acontecido, já que minha ausência foi notada e minha família está com Julian. Isso me traria muitas coisas a explicar e eu ainda não sei o que dizer. Prefiro me encontrar logo com Azazel. E preciso que você me diga onde vai leva-la. Não é por que não confio em você, é só que eu prometi. Não quebro promessas. Não posso voltar para casa com essas feridas, se Julian acordar vai dizer que me viu no hospital, não sou uma adulta, meus pais vão me revistar e encontrar as feridas. Preciso ir a outro lugar que não seja a minha casa então que seja com Azazel. De lá, tenho outro lugar pra ir.

Espero Zorfiel falar, perguntas me passam pela cabeça, não gosto de imaginar o que imagino. Como ele sabia que meu irmão estava bem? Como os viu serem transportados? E se viu, por que não veio me ajudar antes, se deu tempo de ver a evacuação, mas não deu tempo de chegar e me ajudar na batalha? Como ele tinha tanta certeza que Julian estava bem? Nâo era mais fácil levar a médica a um hospital e não se esgueirar com ela por aí, sei lá onde?

Naquele momento eu tomo uma importante decisão. Angelina teria que morrer. Não de verdade, eu gostava daquele corpo... mas para a família. Se eles fizeram aquilo a irmã de Azrael que seria um poderoso aliado, imagina com os Tufte. Eu teria que sumir deles, pelo próprio bem deles. Começo a formar o plano na minha cabeça e sei quem poderia me ajudar. Angelina iria morrer, como deveria ter acontecido naquela noite. Azazel teria que me ajudar com isso e sei que o faria.